quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Richard Rorty

Está  sendo  lançado  nesses  dias, no  Rio de Janeiro, o  livro Filosofia como Política Cultural, pela editora Martins Fontes, com ensaios escritos  entre 1997 e 2005 pelo  filósofo norte-americano Richard Rorty www.richardrorty.com.br/index.htm


Para Rorty, o impulso que nos leva  a  pensar, a investigar, a  tecermo-nos de maneira cada vez mais complexa, não é o espanto diante do mundo, que Aristóteles atribuía como a causa do início da Filosofia, mas o horror de descobrirmo-nos como uma réplica, uma cópia. E acabar os nossos dias  num mundo que nunca fizemos, que foi herdado. Espera-se inventar  novas formas de sermos humanos e  não  confirmar  a  estabilidade e a ordem. 
O apreço pela contingência caminha em sentido diverso da busca de um sentido universal para a existência humana, este marcado pelas grandes continuidades, pela permanência e pelo caráter a-histórico da vida humana. Deste modo, um selo viria impresso em nós, como uma marca essencial e necessária.


E não há como fundir espaço privado e público, lembra Rorty. Não encontramos uma perspectiva única que possa abarcar justiça, solidariedade humana e perfeição privada. A autocriação e a justiça social não tem como ser colocadas juntas ao nível da teoria.  Providências sociais e políticas não podem ser tratadas com as mesmas ferramentas que a busca de realização pessoal, auto-criação e auto-desenvolvimento.


Indo ainda mais longe, Rorty  fala de uma utopia ( compreendida como algo não estático), em que não há obrigatoriamente, entre os intelectuais, uma identidade em relação ao que buscam como pessoas, individualmente, nem eles seriam os detentores do debate e das decisões acerca do objetivo da sociedade como um todo, nem haveria interesse social em saber que intelectual estaria "controlando tudo".