terça-feira, 20 de outubro de 2009

Politização na arte

Ainda com Ronaldo Brito, pensando a arte :


 Diferentemente da  arte partidária, valorizada num passado nem tão distante, é  melhor falarmos hoje que a politização na arte  está mais próxima de uma " tomada de consciência por parte do artista do modo como o produto artístico é consumido em nossa sociedade, bem como a tomada de consciência de seu papel de agente cultural nessa mesma sociedade". E ainda: " a crescente politização dos artistas ocidentais se manifesta sobretudo como a recusa das margens tradicionalmente reservadas à arte - para que não atingisse, perigosamente, a vida prática das pessoas. Como um esforço de conhecer as possibilidades da arte de servir como um modo de  transformar as relações das pessoas consigo mesmas e com a sociedade. A politização dos novos artistas talvez seja o reconhecimento de que o mito do artista como alguém que vivia nas nuvens caiu irremediavelmente por terra, e é hora de saber qual o seu lugar no mundo dos vivos".
Ronaldo Brito publicou essas idéias em 1974, no texto O acontecimento artístico, um dos mais censurados entre seus textos da seção cultural do jornal Opinião que acabou em 1977. 









  Quando se diz hoje que a arte não serve para nada, é para enfatizar a desvalorização de seu comprometimento com, ou de seu estar a  serviço de determinados movimentos, como os de "poder político", que pretenderam aniquilar a pluralidade humana, como ocorreu  com o realismo socialista. Também a arte não tem como função decorar e embelezar ambientes.