Houve um debate inter-estadual hoje na tv sobre o atual problema do crack. A tragédia do rapaz de classe média que matou a amiga no Rio de Janeiro, sob efeito da droga, acionou o destaque à questão. Especialistas de diversas áreas, de mais de um estado do país, conversaram com jornalistas sobre ações para a cura do vício, repressão aos traficantes, combate ao tráfico de armas. Falou-se também sobre internação para tratamento, público e particular.Sobre clínicas clandestinas particulares onde há tortura por meio de remédios e agressões físicas.
Da cidade de São Paulo, uma moça, a Esmeralda, foi convidada para dar seu testemunho como ex-viciada. Há 12 anos, ela se afastou dos roubos, do morar na rua, do crack. Teve um filho, fez faculdade, escreveu livro e está envolvida com música. Suas intervenções foram as mais importantes do debate. Questionou o momento tardio em que o assunto surge na mídia, já que há mais de 20 anos existe o crack nas ruas, mas é que agora tornou-se problema também de ricos, reclamou. Chamou a atenção a respeito do modo como o assunto é abordado, com os termos pouco claros dos especialistas. E disse o mais importante:
-vocês só falam na repressão, punição, mas não estão ajudando a quem vive o problema como drogadito. Não adianta dizer: "não use crack", " crack mata". Digam o que fazer para preencher o vazio por não ter tido e não ter amor, nem ser aceito. Dentro e fora da família. A publicidade diz coisas o tempo todo e vocês não dizem.
Esmeralda foi mais longe, falou que não vê muita diferença entre ricos e pobres, em relação ao querer ser amado e aceito. E, para ela, a prevenção tem que caminhar por aí. Ela tem muita razão.