segunda-feira, 21 de novembro de 2011

relevância da arquitetura

Arquitetos não sabem criar cidades, diz Paul Goldberger

SILAS MARTÍ
Folha de SÃO PAULO

Na era atual de extravagância na arquitetura, que só arrefece com a atual crise econômica, arquitetos desaprenderam a fazer cidades e ruas.

"Vivemos num momento em que o melhor convive com o pior", diz Paul Goldberger, crítico de arquitetura da revista "The New Yorker". "Somos capazes de construir prédios extraordinários, mas não sabemos organizar cidades e seus edifícios mais comuns."

Seu livro, "A Relevância da Arquitetura", que sai agora no Brasil pela editora Bei, ataca essa questão destrinchando as falhas do modernismo, que serviu, na visão dele, para fazer edifícios-escultura, mas ignorou as complexidades da trama urbana das metrópoles.

"Todos estão falando em sustentabilidade, quando o assunto deveria ser vitalidade", resume Terence Riley, que foi curador de arquitetura do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) por 15 anos.

Partindo desse diagnóstico, Riley e Goldberger vêm a São Paulo para o Arq.Futuro, seminário que discute, de hoje até quarta, a relevância e os desafios da arquitetura (leia programação ao lado).

Essa análise vem no desfecho de um ano que teve exemplos de sobra para repensar o papel do espaço público na vida de cidades em pleno terremoto político e financeiro.

"Da praça central no Cairo [Egito] a Wall Street [Nova York], tudo aconteceu no espaço público", diz Riley. "Nem o Twitter nem o Facebook conseguem emular o espaço real e tirar da arquitetura seu papel de moldura da existência pública e privada."

Tanto que essa moldura agora está no centro do debate, com arquitetos voltando esforços para pensar, além do prédio, a forma como ele se encaixa no tecido urbano, fugindo do aspecto de cidades como colcha de retalhos.

"Em boa parte do século 20, pensamos nos prédios que ficam em primeiro plano e esquecemos o pano de fundo", fala Goldberger. "Temos arranha-céus e museus de arte, mas as ruas são mais importantes do que os prédios."

Na visão dele, Brasília é um exemplo de cidade feita como cenário, pensando só nesse primeiro plano. "É uma enorme coleção de belos objetos", afirma. "Mas eles não compõem uma cidade real."

Isso não quer dizer que o legado modernista deva ser descartado. Arquitetos hoje concordam que a filosofia e os preceitos do movimento que marcou o século passado estão voltando repaginados à arquitetura feita agora.

"A estética modernista é mais forte agora do que era há 25 anos", diz Goldberger. "Mas hoje há um novo entendimento surgindo e mais respeito pelo cenário urbano." Arquitetos como Frank Gehry e Norman Foster são apontados como expoentes desse novo modernismo.

"Não é um retorno ao modernismo", diz Riley. "É mais uma redescoberta do movimento, turbinada por uma nova ideia de sensibilidade."

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Eduardo

Contraposições: os projetos e os jogos. Arquiteturas, contingências: formas de vida.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

câncer

30/10/2011

"Sob anonimato, brasileiro não é solidário no câncer



É, tio Nelson, o brasileiro, quando protegido pelo anonimato, não é solidário nem no câncer.

E não estamos batucando na tecla e no lengalenga do politicamente correto. Corta essa.

O brasileiro não é solidário nem no câncer em muitas ocasiões.

É o que vemos nos comentários de blogs e redes sociais agora em relação à doença do ex-presidente Lula.

Nas ruas, nas famílias e na missa de corpo presente, ainda vale a comoção, a compaixão, piedade e outros sentimentos.

Sob o capa de um anônimo e furioso Batman, o ataque dos comentaristas é fulminante, a doença vira metáfora para o desabafo e a ira política dos fundamentalistas que enfrentam diuturnamente o lulismo-petista.

“Minha suspeita é que a interatividade democrática da internet é, de um lado um avanço do jornalismo e, de outro, uma porta direta com o esgoto de ressentimento e da ignorância”, escreveu Gilberto Dimenstein, espantado com as manifestações recebidas na caixa de comentários da sua coluna aqui na Folha.com.

Vasculhando as caixas postais de vários blogs e colunas que trataram sobre o assunto, observamos que não é um caso isolado. É tendência. Tem, mas está faltando a referida solidariedade.

Agora vemos o personagem Edgar, da peça “Bonitinha mas ordinária”, do tio Nelson Rodrigues, salivando, obsessivo, atribuindo a sentença ao Otto Lara Resende: ”O mineiro só é solidário no câncer.”

O mineiro aqui entra como parte pelo todo, claro, mas deixemos o próprio canalha Edgar com o verbo, de novo:

“Mas olha a sutileza, não é bem o mineiro, ou não é só o mineiro. É o homem, o ser humano. Eu, o senhor ou qualquer um, só é solidário no câncer. Compreendeu?”

É, tio Nelson, este último reduto da solidariedade está indo para o saco. Pelo menos no baile de mascarados da internet."

Escrito por Xico Sá às 12h46

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